O desuso do Drible
Porque razão uma ação individual do jogo como é o drible, é cada vez menos praticada?
Para justificar uma resposta a esta questão haveriam várias razões, desde a evolução morfológica tipificada nos jogadores de hoje (verdadeiros atletas), a própria evolução do jogo, entre outras.
Eu, enquanto treinador, e sobretudo observador do jogo, preocupo-me que o drible seja, cada vez mais uma ação do jogo "proibitiva" ou sacrificada em função de um pretenso bem maior como a manutenção da posse de bola, muitas vezes estéril. Num dos últimos jogos que assisti reparei que as equipas tinham comportamentos idênticos quando conseguiam chegar a um corredor lateral no último terço do campo em situação de 1x1. Invariavelmente, o jogador em posse não arriscava, esperando cobertura ofensiva para passar a bola e por sua vez passaria a outro colega mais atrás para não a perder. Obviamente que a bola é o mais importante do jogo e que só com a sua posse se pode atacar e marcar golos. Contudo, se não houver trabalho coletivo para promover (ou tentar) desequilíbrios por ação de drible (poderíamos, igualmente, falar de passes de rutura) , desaproveitando características de determinados jogadores, o jogo pode tornar-se muito mais aborrecido.
Seremos nós, treinadores, os culpados?
Será que o modelo e a estratégia não podem contemplar este tipo de ações? Pessoalmente, ainda considero que o jogo é dos jogadores e que o treinador, mesmo fiéis aos seus princípios, deve trabalhar em função de potencializar cada um dos seus atletas, de forma, a poder ter uma resposta individual e, por conseguinte, coletiva que revelem qualidade e potenciadora de alcançar resultados.